Avaliando o tráfego de clientes em nosso site constatamos que é significativa a quantidade de visitas que recebemos e que apontam para o interesse dos visitantes por AEG padrão DMR. Isso nos leva a crer que é crescente o número de jogadores que buscam melhorar suas AEGs para operarem como "snipers".
Nesse contexto, cremos que a maioria saiba o que significa a sigla DMR, certo? Mas, vamos supor que você pode ter chegado aqui sem ter procurado ainda o significado de DMR. A sigla D.M.R se refere em Inglês a "Designated Marksman Rifle", algo traduzível como Rifle de Atirador Designado para o português. Ou em termos práticos, um rifle de precisão para um operador que, trabalhando em grupo, teria função de apoio contra ameaças que estariam fora do alcance das armas de assalto.
Primeira coisa que vamos definir aqui é que DMR se refere ao rifle, e não ao operador, ok?! O operador poderia ser chamado de DM, que seria o mesmo que "Designated Marksman", ou "Atirador Designado".
Em nosso site focamos nosso assunto nas armas de Airsoft e não no operador. Portanto, vamos falar apenas das AEGs e seus aspectos técnicos, bem como suas características mais importantes. Caso queira saber como jogar como DM, creio que pode encerrar aqui a leitura. Mas se quiser ter uma melhor noção do que é um DMR, faremos aqui uma análise mais ampla.
*Gostaríamos de ressaltar que manteremos a referência sempre na forma masculina ao nos referirmos a "UM" DMR e não a "UMA" DMR, visto que o acrônimo se remete a rifle.
Mas o que significa DMR dentro do contexto de Airsoft então?
Bem, aqui vamos seguir linhas de considerações paralelas para que você possa entender. A primeira consideração mantém correlação com o FATOR MILSIM. A outra consideração tem como base a análise do FATOR MECANISMO DE FUNCIONAMENTO.
1 - FATOR MILSIM
Primeiramente vamos considerar as características MILSIM, que é a base de tudo que envolve o Airsoft. Isto posto, TERÍAMOS que levar em consideração a escolha de plataformas que seriam mais ou menos fieis aos conceitos de MILSIM. Porém, esse tema é bastante controverso e as especificações podem variar de acordo com a modalidade de jogo.
Em linhas gerais, uma AEG Airsoft para se enquadrar nos quesitos MILSIM precisa atender algumas características como, por exemplo:
* Ter cano de precisão maior que 480mm, pois somente acima desse tamanho é que temos de fato um fuzil. Abaixo disso, temos armas de outras categorias como carabinas (M4) e submetralhadoras (UMP45), por exemplo;
* Permite uso de disparos apenas no semiautomático;
* Usa apenas carregadores do tipo Mid-Cap, Low-Cap ou Real Cap, não sendo permitida a utilização de High-Cap, Drums, etc;
* Geralmente limita-se a operar com até 450 FPS;
* É obrigatória a utilização de luneta, que normalmente tem zoom mínimo de 4X;
* Utiliza coronha fixa;
Como eu disse anteriormente, essas são características que podem variar de acordo com cada modalidade de jogo e que podem ser cobradas ou não. Porém, são as características que comumente são mais cobradas nas diversas modalidades de jogos de Airsoft.
Respeitando-se tais exigências, podemos facilmente concluir que plataformas como M4, G36C, MP5, UMP45 e AK47 jamais poderiam serem consideradas plataformas próprias para DMR. O simples fato de serem armas que não se enquadram na categoria dos fuzis, por exemplo, já excluiria tais plataformas automaticamente da relação de plataformas DMR.
No nosso ponto de vista, ao estabelecer tais critérios para classificar a AEG como DMR, os organizadores acabam tendo dois propósitos básicos com relação aos DM. Primeiro, manter o MILSIM, conforme explanado anteriormente. Segundo, evitar que o jogador se auto denomine "DM" (ou DMR, como é mais comum) apenas pelo critério da faixa do FPS. Ou você não sabia que diversos jogadores migram para essa "classe" apenas para ter "vantagem" sobre outros jogadores em decorrência de poderem operar com faixa de FPS maior que as armas da classe assalto? Se não sabia, agora sabe!
Muitos ainda estão presos ao fator FPS e acreditam que fazendo suas AEGs cuspirem suas BBs a 450 FPS terão aumento de precisão e alcance (ou qualquer outra característica) de suas Airsoft, negligenciando todos os demais fatores que culminam com melhor desempenho de precisão e alcance na AEG. Só que essa vertente do assunto não faz parte dessa nossa abordagem mais técnica acerca dos DMR.
2 - FATOR MECANISMO DE FUNCIONAMENTO
Daqui por diante, vamos desconsiderar o fator MILSIM para fazermos uma abordagem do funcionamento das AEG (de novo A-E-G. GBB, não. HPA, não. Spring, não. GBB, HPA e Spring tem funcionamento diferentes e não podemos alongar demais cada uma das características nesse texto para não ficar longo demais) e avaliarmos até que ponto uma AEG pode ser utilizada como DMR.
Pergunta: do ponto de vista mecânico, o que diferencia uma AEG Airsoft modelo SR-25 de uma ARP-9 (ambas da marca G&G)?
Podemos afirmar que nada! Aí você poderia dizer: "Sim, tem. O gatilho Eletrônico da ARP-9!". Tecnicamente falando, o gatilho faz parte do setor elétrico e não do setor mecânico. Isso se analisarmos o mecanismo de funcionamento da AEG em setores, dos quais poderíamos distinguir o setor elétrico, setor mecânico e setor pneumático. Claro que todos trabalham de forma sistêmica, mas para fins de abordagem aqui faremos a distinção entre os três setores.
Então, quanto ao setor mecânico, temos que assim que apertamos o gatilho, o motor é acionado fazendo girar as engrenagens, que por sua vez tracionam o pistão (que não deixa de ser uma engrenagem do ponto de vista mecânico), comprimindo a mola até que este escape da engrenagem de setor e seja arremessado à frente por esta.
Esse processo ocorre em todas as AEGs, portanto, mecanicamente, qualquer AEG tem potencial para operar como DMR. Bastaria reforçar os componentes internos para suportar a mola necessária para atuar dentro da faixa de FPS estabelecida para o evento.
No entanto, não basta que funcione como DMR, tem de ter desempenho de DMR. Afinal, o propósito de um DMR é arremessar a BB para um alcance maior que o de uma AEG assalto, correto?
Aí já surgem outras análises que precisamos considerar:
1º - Como foi dito acima, FPS não é tudo. Especialmente quando se usa BBs de maior peso. Geralmente, a cronagem das AEGs em eventos ocorre com BB de 0.20g. No entanto, DMR costuma utilizar BB de maior peso, para diminuir os efeitos externos que podem alterar sua trajetória, melhorando dessa forma a precisão da AEG. Com isso, uma MP5 com 450 FPS (BB 0.20g) certamente terá desempenho diferente de uma M16 com 450 FPS (BB 0.20). Isso porque, as configurações de cano, cilindro e peso da BB precisam ser diferentes em cada uma delas em decorrência do volume de ar do sistema.
2º - Volume de ar precisa ser adequado para cada combinação de cano e peso de BB. Se a mesma MP5 do exemplo acima se mantiver original com relação ao cilindro e ao cano (Exemplo: cilindro tipo 3 e cano de 247mm), mas passar por um upgrade de mola, vedação, hopup, etc, certamente poderá chegar aos 450 FPS com BB 0.20. No entanto, assim que se utilizar de BB de maior gramatura (0.36, por exemplo) a tendência é percebermos uma queda de desempenho quando comparada ao sistema da M16 que passou pelos mesmos upgrades. Isso é simples de explicar: BB de maior peso vai requerer do sistema de compressão uma maior quantidade de ar para empurrar a BB por toda a extensão do cano. Além disso, o comprimento do cano propicia "tempo" suficiente para que a BB acelere o máximo possível antes de sair do cano. Canos curtos, como da MP5, podem até se darem bem com BB leve, porém ao utilizarmos BB de peso mais acentuado, o volume de ar se esgota antes de a BB acelerar suficientemente, perdendo rendimento.
3º - Para compensar a falta de balanceamento do volume de ar em AEG com cano curto geralmente recorremos à "técnica" do aumento do peso da mola. Molas pesadas produzem o aumento da pressão no sistema, de forma cada vez mais abrupta. Assim, a MP5 poderia chegar aos 450 FPS com 0.20, conforme nosso panorama. Mas, ainda assim, seria incapaz de lidar com BB mais pesadas. Aumentando o peso da mola, você automaticamente estaria aumentando o desgaste de todos o sistema, incluindo o exponencial risco de quebra a gearbox de sua AEG.
4º - É possível compensar essa "falha" alterando o conjunto de cilindro e cano de MP5 para ficar igual ao de M16 (Cano 509mm e cilindro tipo 0). Bastaria trocar o cilindro do tipo 3 por um tipo 0 e o cano de 247mm por um 509mm e pronto. Sua MP5 já teria as mesmas condições de operar como DMR com desempenho idêntico ao de uma M16. Mas aí você entraria em conflito com o FATOR MILSIM, lembra? Se MILSIM não for um problema, então sua MP5 ficaria como a da foto mais acima.
5º - Além de poder aproveitar o volume de ar do cilindro tipo 0, o cano de maior comprimento vai propiciar maior percurso para que a BB pesada possa acelerar e ao mesmo tempo se estabilizar dentro do cano. A BB ao sair do cano terá melhor consistência em sua trajetória, tendo como resposta o aumento na precisão e consistência da AEG.
6º - Porém (tem sempre um porém), nem tudo se resume ao volume de ar. Nem tudo se resolve colocando canos maiores e maiores. Aliás, até para isso há um limite útil. Canos acima de 430mm até 500mm demonstram melhores resultados que canos fora dessa faixa de comprimento (comparando apenas canos de mesma qualidade, obviamente). Abaixo de 430mm, a BB tem menos "tempo" para estabilizar. Acima de 500mm a BB já passa tempo demais dentro do cano, correndo o risco de voltar a tocar a parede do cano, ou tocar alguma sujeira, perdendo estabilidade e consistência.
7º - Ademais, um DMR vai requerer o reforço das peças internas que mais suportam o peso da mola. Nesse caso, os dois itens mecânicos que mais sofrem são o pistão e o motor. Motores de alto torque são recomendados pois acabam resultando em melhor resposta do gatilho e maior cadência de disparos, consequentemente. Pistão com dentes em metal é indispensável também, pois os dentes do pistão acabam suportando todo peso da mola. Eventualmente é necessária a troca das engrenagens e do conjunto de buchas/rolamentos. Dependendo do peso da mola, também se torna interessante a instalação de guia de mola em metal e com rolamentos.
8º - Assim como todo projeto que envolve armas de Airsoft, é necessário dar especial atenção à vedação. Sendo que, tanto o sistema de compressão interno e quanto o hopup devem estar perfeitamente vedados. Caso queira conferir nossos tutoriais de como fazer vedação interna e externa na AEG basta acessar Nosso Canal no YouTube.
9º - São obrigatórios os serviços de correção de AOE, Shimming e Lubrificação em toda e qualquer AEG. Nos DMR, estes serviços serão responsáveis por aumentar a durabilidade das engrenagens. Lembrando que são engrenagens de uma AEG o pinhão do motor, as engrenagens e o pistão. Também temos vídeos sobre esses serviços no Nosso Canal no YouTube.
10º - Não se pode negligenciar a qualidade da BB, bem como o peso ideal ajustado para o projeto de seu DMR. Pouco adianta ter instalada uma mola gigante em sua AEG e tentar aproveitar seu potencial utilizando BB de qualidade inferior, ou com gramatura desproporcional.
11º - Não basta ter tudo isso para acreditar que sua arma com cor, tamanho, FPS, luneta, bipé, melhor isso, melhor aquilo vai superar toda e qualquer arma de assalto. Temos muitas variáveis que interferem no desempenho de cada AEG. Só como exemplo, pode ser que seu DMR tenha 450 FPS, usando "tudo-de-bom-ponto-com" seja superada em alcance em precisão por uma arma de assalto de 400 FPS com apenas upgrade de bucking e BB Premium. Tudo deve ser perfeitamente balanceado e pensado. Afinal, de que adianta gastar energia (e dinheiro) naquilo que não afetará o resultado de forma positiva?
12º - Antes de começar qualquer projeto para upgrades busque informações acerca de compatibilidade de peças da plataforma escolhida. Verifique também se o modelo escolhido tem boa qualidade de internos, para que no final das contas você não tenha que trocar praticamente tudo para ter um DMR de desempenho aceitável.
13º - Por último (mas que poderia ser facilmente considerado o primeiro passo), se você não sabe o que está fazendo, leve para quem sabe. Muitos iniciam um projeto mais “audaz”, mas não tem menor noção de como sua AEG funciona. No final, o projeto sai caro, ineficiente e frustrante. Hoje em dia a quantidade de armeiros disponíveis no Brasil aumentou consideravelmente e encontrar um com boa reputação próximo a você não deve ser difícil.
É isso! Um projeto de um DMR envolve mais que FPS. Há fatores ligados às regras dos eventos, bem como ao sistema de funcionamento da AEG. Há outros fatores que precisam ser levados em conta antes de começarmos um projeto de uma AEG para operar na classe DMR. No entanto, trataremos desses pormenores em vídeos em Nosso Canal no YouTube e/ou textos em nosso blog. Estamos ainda com projeto para um CURSO ONLINE DE ARMEIRO AIRSOFT, em que poderemos tratar desses detalhes que farão diferença. No próximo texto traremos um roteiro de como montar seu DMR, com dicas das peças e especificações.
Um abraço!
Atenciosamente;
Equipe AEGPlus.com
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